Centro de artes do mar homenageia baleeiros
Via: www.dn.pt
"Foi e sempre será a Terra Baleeira." É desta forma que todos os guias do visitante definem as Lajes do Pico, nos Açores. O enraizado orgulho dos picoences no ofício da caça à baleia - iniciado no século XVI e extinto nos anos 80 do século passado - será agora eternizada no Centro de Artes e de Ciências do Mar, ontem inaugurado e que hoje entra em funcionamento a todo o vapor.Instalado na SIBIL - Sociedade da Indústria Baleeira Insular, Lda - o centro resulta da restauração da antiga fábrica que procurou preservar a memória da indústria baleeira, mantendo a estrutura fabril e recuperando os equipamentos existentes, a criação de uma área de investigação em ciências do mar e uma vertente artística e cultural (o espaço contará sempre com exposições permanentes e temporárias)."Hoje é um dia muito especial." Foi assim que abriu o seu discurso a presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico, Sara Santos, também presidente do Conselho de Administração da CULTURPICO - empresa municipal responsável pela gestão deste centro que representa um investimento de cerca de um milhão de euros. "O que pretendemos é um espaço que honre a memória e a tradição e ao mesmo tempo se dedique à sua projecção no futuro. Com os mais velhos, queremos preservar a memória do heróico passado baleeiro; quanto aos mais novos, é nosso dever incentivá-los a conhecer melhor o meio ambiente e as espécies dos nossos mares, em moldes científica e padagogicamente correctos e por meios apelativos", explicou Sara Santos.E para tal, convivem, lado a lado, equipamentos ancestrais e a mais moderna tecnologia. Assim, as rústicas caldeiras para a produção de vapor, as autoclaves (gigantescas panelas de pressão onde se derretia o toucinho da baleia) ou os guinchos (que arrastavam o enormes mamíferos para terra) - tudo bem vivo na memória dos mais velhos -, falam "tu cá tu lá" com a tecnologia. Ou seja, os diversos plasmas, cujos conteúdos demonstrativos da vida do "rei dos mares" foram produzidos em colaboração com a Universidade dos Açores e uma empresa de Ponta Delgada especializada em criação digital."Nós tínhamos algum receio , mas as pessoas (sobretudo as mais velhas) ficaram genuinamente agradadas com o 'casamento' entre as velhinhas máquinas que bem conheceram e manobraram com as novas tecnologias", disse ao DN, no final da inauguração deste no espaço, Carlos Alberto Machado, antropólogo e coordenador do centro que estava ontem ao rubro, não só de pessoas mas sobretudo de emoção. Cada um dos presentes tem uma história, um familiar ou conhece alguém que esteve ligado à caça da baleia. E todos têm também consciência da importância que esta actividade teve para o desenvolvimento económico da região. "Sou lajense, venho de famílias de baleeiros, conheço bem esta casa e assisti à caça da baleia nos meus tempos de menina", conta Ana Neto, entre lágrimas enquanto ouve a Filarmónica Liberdade Lajense que deu início à inauguração. Também Arnaldo Machado é filho de um ex-baleeiro e não consegue conter a lágrima. "É uma maravilha assistir à reabertura deste espaço. A caça à baleia acabou, mas a memória não morreu e é bom que se preste homenagem a estes homens que tanto nos deram", desabafa.
ISALTINA PADRÃO, Lajes do PicoPAULO NUNO SILVA

1 comentário:
Acho bem que se vá fazendo alguma coisa pela terra.
As coisas tem de ser decididas e realizadas mais rapidamente...
Anda tudo num ritmo muito lento, e para cada decisão que se toma há sempre um batalhão de gente contra...
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