quarta-feira, janeiro 27, 2010

Mudar... de Fraldas

Aos Domingos
Édouard Manet

O panorama generalizado de falsidade, hipocrisia, incompetência, mediocridade e mentira, que se vai vivendo e vendo todos os dias ao nível político, leva-me a recordar o sapiente postulado de Eça de Queirós «Os políticos são como as fraldas: têm de ser mudados frequentemente pelos mesmos motivos». Esta mudança deve ocorrer de duas formas, ou que os mesmos, “ilustres políticos”, se dêem conta disso e se antecipem, ou então, que o Povo os ajude a dar conta da imundície. A terceira via, por imposição legal, é contrária à minha forma de viver a democracia.



Em relação à primeira apenas seria possível se as pessoas estivessem na política com o intuito de servir a população, ora a maioria acaba por usá-la para se servir empregando, inúmeras vezes, jogadas sujas dentro e fora dos partidos para se continuar a eleger indefinidamente. Poucos são os que tem a noção da sua hora de retirada, agarrando-se com unhas e dentes ao poder que lhe resta. Quanto á segunda, está nas mãos da população pelo voto fazerem as suas escolhas, e esta muitas vezes o tem feito, dando consecutivas derrotas a políticos que se mantém candidatos à base do caciquismo interno que se vive nos partidos, que por via indirecta são eleitos e conseguem pulular pelos órgãos de poder.



Cabe então aos militantes de cada partido, já que vivemos numa democracia muito assente nestas organizações, traduzir internamente o sentimento geral das populações e promover a renovação que se impõe. Voltando à analogia inicial, se é necessário os pais mudarem as fraldas aos filhos recém-nascidos, também é necessário os partidos mudarem alguns políticos. Se assim for, não se correrá o risco de o “cheiro” se tornar insuportável.
Publicado em:
Jornal «O Dever»
Rádio Pico «Crónicas da Ilha»

1 comentário:

Anónimo disse...

No seu partido o que não faltam são fraldas e algumas bem empastadas.

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